Straight up, no ice

26 abril 2006

O avesso da alma dos outros

Afonso apareceu na sala vindo do nada. Luísa ñ conhecia ninguém q aparentemente e, por sua vez o conhecesse. Ñ havia por ali maneira límpida de saber quem era. Mas... (porque há sempre muito mais q um mas e já se ali apresentava um deles) ele tinha uma luz qualquer. Um daqueles magnetos interiores q atraia os olhos, a atenção. Mais q a atenção, o alerta.
Ñ haveria muito como explicar. Será q seria mesmo necessário?...
Luísa pensava q ñ há dia mais complicado do q aquele em q ñ se sabe o q fazer pra conter o impulso de falar, de perguntar, de pedir explicações. Ñ era um interrogatório, q coisa! Era um alisar de terreno. Uma ligação a encher com confiança.
Porque parece q nada mais lhe ocupava o pensamento, porque parece q é mesmo necessário saber aquelas coisas q lhe faziam falta pra completar o puzzle. Ñ teria q ser de jacto, de pressão.
É a ânsia, a espera. Mas há pessoas q ñ sabem falar. Tal como há outras q ñ sabem escrever. mas ler, acho q todos sabemos ler. Assim pensava ela.
Eh pá se é complicado pra uma pessoa normal, atão q dizer pra Luísa? Tinha a tarefa dificultada no dobro ou mais.
- Uma pessoa parece q fica meio desorientada. Ñ sabe se há-de andar pra frente, se pra trás. Se há-de andar sequer! Acho q me deveria por na sombra das coisas, à espera. Sem intervir mais q o necessário.
Ñ era pacífico pra ela conviver com o Afonso durante o dia e conter aquele impulso. E os dias foram-se arrastando. Mas o q era apenas o necessário?... O q fazer, o q evitar?...
"No me olvides que yo me muero... Tristes, breves nuestras vidas. Con mis lagrimas te quiero, pasíon, por ti... amor sincero. Aun que no tengas ganas, acerca-te a mi..."
Assim se passava algum tempo de vez em quando. Na ilusão de q tinha um momento e q enquanto durasse, tudo estava bem.
Mas de manhã acordava. Luísa ñ era pessoa q gostasse de acordar. Plo menos ñ assim...
Afonso ñ falava.
Luísa ñ tinha mesmo muito com q arriscar. Mas empenhou-se. Usou as réstiazinhas de coragem q tinha lá escondidas atrás de mágoas e desilusões mais antigas. Chorou pla primeira vez desde há algum tempo. Tinha medo e era justificado.
Ñ deixou q ninguém visse. Essas coisas eram cada vez mais dela.
A situação estava pesada. O melhor a fazer seria mesmo concentrar-se noutras coisas. Ñ descurar os aspectos da vida q ñ convinha descurar.
-Uma pessoa tem q pensar em si própria e ñ se deixar abalar com estes pormenores difíceis.
Luísa foi dormir com a noção de que de manhã o tempo seria diferente, plo menos aparentaria ser assim.
Contenção.

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