Straight up, no ice

02 maio 2006

Esses 10 granzinhos di terra espalhados na meio di mar

O Mindelo.
Ontem às tantas deu um filme na RTP1 sobre a vida duns caboverdianos.
A história até q era interessante. Realista pra quem conhece aquela vida. Pra quem até a viu viver.
Um homem com perto de 50 anos, amargar a vida q tem na ilha, frustração de ñ ter aproveitado a oportunidade
de sair da ilha e ter vindo pra Lisboa tentar a sorte numa vida sem dúvida melhor.
Tenta reviver isso e, emendar o "erro" tentando fazer vir pra Portugal um puto q dá uns toques na bola.
É a realidade daquelas ilhas. Perto de 500.000 pessoas a viver nas 9 ilhas. Na outra ñ há gente. 2.500.000 a viver espalhadas plo mundo. Acho q inda me
lembro do nome de todas. S.Vicente, S. Antão, Sal, Boavista, Maio, Fogo, Brava... bolas... ñ me lembro das outras.
Parece o destino.
Nem tinha pensado nisso, mas fez dia 30 d' Abril, antes d'ontem, 3 anos q acordei na minha cama de hotel caboverdiano. Depois de umas 4 horas de avião de Lisboa ao Sal e uma madrugada inteira nesse aeroporto à espera do aviaõzito de 45 lugares pra S. Vicente.
Dormi ñ sei quantas horas, poucas, até ao almoço e, logo começou a minha agitada vida de criola.
Descobri q o filme é da altura em q o Rui Costa e o Isaías jogavam no Benfica.
As ruas do Mindelo, as casas, as sapatilhas dos putos q jogavam na rua, as árvores. São as mesmas. A estátua de Camões na pracinha. A estrada pro aeroporto. O groguinho no botequim. O passeio da marginal. Todos os dias ía pisar aquele passeio.
É tudo, tudo igual. Era tudo como eu conheci.
Faz hoje 3 anos, dia 2 de Maio, q a minha vida mudou. Q cheguei ao meu apartamento, muito "cosmopolita" pra caboverdiano.
Era mesmo só pra "branquinho" alugar. Era a minha casa. Foi a Minha casa!
Foram 6 meses de muito trabalho. 1 mês de descanso, de praia, de piscina do hotel quase só pra mim. De amargar o meu anunciado regresso a Portugal.
Jurei q nunca mais lá voltava, mas quem deu tanto aquela terra quer q ela retribua na mesma medida.
Era nôs terra. Foi um sonho. Quem lá vai e deixa entrar aquele ar nos pulmões, ñ quer de lá sair. Plo menos nunca esquece.



Tûdo q li ben,pra sê regozo,
el cá tá bai, el crê ficá
má s' el mandôde, el tá tchorá

Foi a última música q me cantaram. A minha despedida.

É melancolia? É o quê?... Foi um bocado de vida tão... cheio!
É mais uma daquelas coisas em q ninguém me percebe.

3 comentários:

Eb1Eng.ºDuarte Pacheco disse...

Ninguém te percebe? isso julgas tu...

Stratega disse...

Às vezes acho q caí duma nave espacial qd era bébé e aterrei aqui neste desterro...
Percebes mesmo?...
Tou menos sozinha então.

Eb1Eng.ºDuarte Pacheco disse...

Acredita. Não tás sozinha.E digo.te mais: somos mais do que pensas;)